Perfis
Luiz Sacilotto (1924-2003), nascido em Santo André, São Paulo, filho de imigrantes italianos, é uma das figuras centrais do Concretismo histórico no Brasil. Foi um dos signatários do manifesto Ruptura em 1952, ano em que participou da XXVI Bienal de Veneza. Participou também da I, II, III, IV, V, VI e VII Bienais de São Paulo, Documenta 12 de Kassel e de diversas exposições no Brasil e Exterior.
Em suas obras utilizou materiais industrializados – madeira, alumínio, esmalte, ferro, latão etc. – como suporte e matéria prima para suas criações artísticas. Seu trabalho caracteriza-se pela definição de estruturas topológicas e pelo desenvolvimento ótico de suas variáveis possíveis. O plano é desdobrado no espaço tridimensional ocasionando ao fruidor a apreensão de uma quarta dimensão.
Na fase inicial de sua obra ele contrapõe cheios e vazios, fundo e suporte, côncavo e convexo, presença e ausência, positivo e negativo, preto e branco. Cria dígitos concretos, altamente complexos, realizados com aparente simplicidade.
Num segundo momento, sem renunciar ao Concretismo, ao qual foi sempre fiel, adota ritmos numéricos simples, em ordem progressiva ou regressiva, que resultam em admiráveis estruturas de caráter ótico-cinético. Usa a serialização e a repetição programada dos mesmos signos geométricos, criando uma ambiguidade espacial que abre caminho para o aparecimento do tempo como movimento virtual.
Parte de sua obra é cinética, no sentido primeiro da palavra, pois, embora ele nunca tenha previsto mecanismos, nem engrenagens para movimentar suas formas - elas se movem. E se movem impelidas por um sofisticado motor virtual que Sacilotto instala em nossas retinas assim que nos colocamos frente a um desses trabalhos.
A coerência interna ressalta no conjunto de sua obra, pois há uma lei de desenvolvimento que unifica todas suas propostas visuais.
Luiz Sacilotto foi um pioneiro, um desbravador de proposições que tiveram incontáveis desdobramentos em sua obra e na de outros artistas, dentro e fora do movimento concreto.